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Writer's pictureLetícia Kawano-Dourado

Mais evidência da presença de vieses subconscientes contra mulheres na área de saúde

Médicos residentes foram convidados a participar de um experimento: Avaliar a capacidade de liderança em um atendimento simulado de um caso de emergência. Apesar de se tratar de uma simulação, seguindo um script, mulheres (médicas e enfermeiras) foram sistematicamente avaliadas de forma inferior se comparadas aos homens (médicos e enfermeiros).


Acaba de sair publicado um estudo científico interessante:




Os autores gravaram um atendimento simulado de emergência de um caso de arritmia. O atendimento simulado seguiu um script pré-definido. O atendimento foi gravado em duas versões: uma versão com o líder da equipe sendo um homem e em outra versão sendo uma mulher.

Depois os pesquisadores colocaram legendas nos vídeos apontando o líder da equipe : em um vídeo uma médica, e em outro vídeo um médico; e também variaram o gênero da enfermagem: ora uma enfermeira, ora um enfermeiro.


Convocaram então médicas e médicos residentes de cinco diferentes especialidades, de quatro instituições diferentes.


Randomicamente distribuíram os residentes para que assistissem uma das duas versões do vídeo de atendimento e que avaliassem a performance do líder da equipe de acordo com a escala Ottawa Crisis Resource Management (CRM) Global Rating Scale


160 residentes responderam a avaliação ( 89 mulheres, 71 homens). Notou-se nas avaliações dos residentes um efeito significativo de gênero nas notas que os residentes davam ao líder da equipe, em dois dos seis domínios da escala CRM:


Apesar do atendimento ter sido simulado e ter seguido um mesmo script, as notas que as mulheres receberam foram inferiores a que os homens receberam nos quesitos capacidade de liderança e capacidade de comunicação.

Não se observou efeito da profissão (médico vs enfermeiro) interagindo com as notas. Apenas de gênero.



Residência em medicina de emergência da Ohio State University: intubação orotraqueal com videolaringoscópio. Na foto: Dr. Colin Kaide ensinando a técnica

Bom, mais uma evidência da presença de vieses subconscientes que atua contra as mulheres na ascensão profissional com base em mérito. Veja se você, mulher, tiver um desempenho idêntico ao seu colega de sexo masculino (como foi o caso desse atendimento simulado, seguindo um script), as chances do colega do sexo masculino avançar em cargos de liderança é superior à sua.





Parece que a nossa métrica de mensuração de performance/desempenho está cheia de viéses subconscientes. Como corrigir isso?


Declaração de conflitos de interesse: tenho uma filha pequena, esse projeto é dedicado a ela.


As opiniões aqui veiculadas representam minha posição pessoal.


Projeto Respira Evidência por Leticia Kawano Dourado




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